As experiências que não tiveram a aceitação do Ego não desaparecem da Psique. Elas ficam armazenadas no que Jung chamou de Inconsciente Pessoal. É uma espécie de arquivo que contém todos os conteúdos psíquicos que já ocuparam espaço na Consciência, já passaram e foram reprimidos ou foram rejeitados por algum motivo. Jung o descreveu assim: “Tudo que sei, mas que no momento não estou pensando; tudo de que uma vez fui consciente, mas agora esqueci; tudo que foi percebido pelos meus sentidos, mas não notado pelo meu Consciente; tudo que involuntariamente e sem prestar atenção, sinto, penso, lembro e quero; todas as coisas futuras que estão tomando forma em mim e em algum momento vão chegar ao meu Consciente; tudo isso é o conteúdo do meu Inconsciente”. Esses conteúdos ficam muitas vezes esquecidos por não terem sido importantes na época em que foram experimentados e que poderão ser acessados pela Consciência quando necessário, para uma nova experiência.
Já os conteúdos do Inconsciente Coletivo independem da experiência pessoal. Jamais foram conscientes durante a vida presente de uma pessoa. São predisposições, conceitos e práticas, originárias dos antepassados, utilizadas para experimentar e responder ao mundo quando necessário. Contém toda a herança da evolução da humanidade presente na estrutura psíquica de cada pessoa. Instigam a um padrão pré-formatado, tendência comportamental que a pessoa segue desde o nascimento, como se fosse uma imagem interna dela do mundo. Toda vez que essa imagem interna identifica-se com conteúdos correspondentes, transforma-se em realidade consciente da pessoa. Um exemplo disso é a imagem pré-formada que temos da mãe. Existe uma cultura, um padrão ou uma expectativa, se assim podemos dizer, em relação ao comportamento esperado nesse relacionamento. Agora, a nossa experiência, positiva ou negativa, que tivermos com a nossa mãe é que formará a nossa realidade consciente individual, que influenciará o nosso comportamento para o resto da nossa vida.
Para a Psicologia Espírita o conceito do Inconsciente Pessoal é o mesmo que o apresentado por Jung, com apenas um incremento de que, os conteúdos que formam o Inconsciente Pessoal da pessoa na presente vida, farão parte do Inconsciente Coletivo da pessoa nas suas próximas vidas. Sendo assim, a Psicologia Espírita considera também que o Inconsciente Coletivo, ao invés de ser uma herança dos antepassados, é um conjunto de experiências vivenciadas pela própria pessoa durante as diversas vidas já vividas pela mesma até o presente momento. É um conjunto onde estão guardadas todas as experiências da pessoa, desde as primeiras manifestações de vida espiritual até os períodos de desenvolvimento e evolução espiritual pelo qual ela já passou, até chegar ao presente momento de sua jornada como Espírito eterno.
Se me permitem expor a minha visão pessoal, no meu entender todas as experiências pessoais, oriundas desta ou das várias encarnações passadas, desde a origem espiritual da pessoa, estão no Inconsciente Pessoal dela, de onde sai a intuição (pressentimento direto sem auxílio do raciocínio, baseado na experiência pessoal). Quando toda essa experiência sair do Inconsciente e se tornar Consciente, a pessoa adquire a Consciência Plena através da Expansão da Consciência. O Inconsciente Coletivo (que não é da pessoa e sim universal, externo a ela), é onde se encontra todo o conhecimento coletivo da Humanidade passado pelos espíritos (universalidade do ensino dos espíritos), e é recebido pela pessoa através da comunicação espontânea com os espíritos, através da inspiração (estímulo externo que induz a criação, solução, prática de algo, acima de seus conhecimentos). Está presente em todos os pontos do planeta, sempre disponível, passando a mesma ideia, raciocínio, informação, de contextos idênticos, para as pessoas que estão em busca de obtê-los.