Psicologia Humanista, a 3ª força em Psicologia
Nas primeiras décadas do século 20, a Psicologia embora tivesse avançado muito na compressão dos transtornos, das neuroses e das diversas manifestações do inconsciente, os valores profundos da alma e os caminhos para a autorealização do ser humano, por exemplo, nunca tinham sido explorados. Com o intuito de apresentar novos caminhos de perceber e de pensar, novas imagens do homem e da sociedade, novos conceitos éticos e valores, e novos rumos a seguir, é que Abraham Maslow, Carl Rogers e outros, resolveram criar a “Psicologia Humanista” também conhecida como “3ª Força da Psicologia”. Esse novo enfoque para a Psicologia tinha como principal objetivo a plena realização do ser humano que envolvia o desenvolvimento das capacidades e das potencialidades humanas tais como, a identidade, o crescimento, a satisfação, a saúde psicológica, a autorealização, a criatividade, a responsabilidade, a autonomia, o organismo, a objetividade, os valores superiores, o amor, etc.
Maslow desejando sistematizar os alicerces da Psicologia Humanista apresentou como pressupostos básicos:
- A natureza do ser é, em parte, singular e em parte, universal;
- Existe no ser um Núcleo Essencial (Self) que o impulsiona para a individuação;
- Se o ser permitir que esse Núcleo Essencial guie a sua vida, o ser irá crescer sadio, fecundo e feliz; caso contrário, se for negado ou suprimido, o ser adoece;
- Esse Núcleo Essencial, por ser frágil delicado e sutil, pode ser obscurecido pelo hábito, pela pressão cultural e pelas atitudes errôneas em relação a ele; no entanto, ele nunca desaparece, permanecendo sempre presente, pressionando o Ego para a autorealização;
- As privações, frustrações, dores e tragédias quando bem vivenciadas, transformam-se em estímulos à natureza íntima do ser, promovendo a realização e o fortalecimento do seu Ego.
Esses pressupostos revelavam uma crença muito grande no ser humano, baseados em estudos de indivíduos de todos os tipos, tanto mentalmente perturbados quanto indivíduos saudáveis.
De acordo com Maslow, quando a consciência ética encontra-se entorpecida pelos exageros do Ego, distanciando o ser do Núcleo Essencial, advêm as doenças e as perturbações. Esse Núcleo Essencial necessita ser desperto, precisa crescer dentro do ser, para que ele expanda sua consciência e atinja a autorealização. Isso só se consegue através da disciplina e da autoanálise constante, das ocorrências com o ser no seu dia a dia. À medida que o ser avança no conhecimento de si mesmo, da sua realidade espiritual, consegue ir além dos apelos do Ego (que sempre estão vinculados ao imediatismo, às sensações corporais, etc), passando a adentrar-se nas necessidades do Núcleo Essencial que é o Self (seu espírito).
Também é notável a visão positiva mediante as adversidades, porquanto considera as mesmas, como forças que promovem o despertar da consciência e a expansão do Núcleo Essencial dentro do ser. A pessoa passa ficar mais madura, a ser cada vez mais autêntica, integra. Ela cresce!
Entre as características desejáveis para se atingir a autorealização existem:
– Orientação realista (lucidez em relação a tudo);
– Aceitação de si mesma e do mundo em que vive;
– Espontaneidade no pensar e no expressar as suas emoções;
– Senso ético e moral altamente desenvolvido;
– Entender e acreditar que o ser humano é um ser em construção.
Outra contribuição de Maslow foi a “Pirâmide das Necessidades Humanas”, a qual aborda desde as necessidades básicas vinculadas ao corpo e ao Ego (alimentação, segurança, etc), que se encontram na base da pirâmide, até as metas-necessidades como a verdade, a bondade, a transcendência, etc, vinculadas ao Self ou a realização plena do ser, que ficava no topo da pirâmide. A satisfação das primeiras seriam prioritárias, fundamentais, para a manutenção da vida, mas como o ser é muito mais que as necessidades de sobrevivência, somente as metas-necessidades é que poderiam propiciar ao ser, um profundo sentido existencial e que o conduz à autorealização plena.
Com base nisso, Carl Rogers criou a “Terapia Centrada no Paciente” que buscava atender ao paciente à luz da sua individualidade e de seus valores, uma vez que segundo ele “cada paciente é um ser único, exclusivo e inédito” e “existe um caráter único da relação que cada terapeuta estabelece com seu paciente”.
– “Descobri que sou mais eficaz quando posso ouvir a mim mesmo, aceitando-me e quando eu posso ser eu mesmo.”
– “Não podemos mudar, não podemos nos afastar do que somos, enquanto não aceitarmos profundamente o que somos.”
– “Nas minhas relações com as pessoas, descobri que não ajuda, em longo prazo, agir como se eu não fosse quem sou.”
– “Atribuo um enorme valor ao fato de poder me permitir compreender outra pessoa.”
– “É sempre altamente enriquecedor poder aceitar a outra pessoa”.
– “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
– “Sinto-me mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos”.
– “Fico interiormente feliz, quando tenho forças para permitir, que outra pessoa seja autêntica e independente de mim.”
– “Não podemos ensinar a outra pessoa diretamente; só podemos facilitar sua aprendizagem”.
Referentes aos principais conceitos colocados pela Psicologia Humanista, a Psicologia Espírita considera:
– O homem é o único animal ético que pode apresentar uma consciência criativa, abstrata e cultivar ideais de enobrecimento. Essa consciência potencial aguarda o seu desenvolvimento através do autodescobrimento, para a aquisição de valores que lhe proporcione o senso de liberdade, para então poder escolher as experiências que lhe cabem vivenciar.
– A moderna visão da psicologia busca também desenvolver as possibilidades latentes no homem, o seu vir-a-ser, centrando a sua interpretação nos seus recursos inexplorados. Há nele todo um universo a ser conquistado e explorado, liberando as suas inibições e conflitos diante dos novos desafios, que acenam para o amadurecimento interior e a autorealização.
– A saúde psicológica decorre da autoconsciência, da libertação íntima e da visão correta mantida a respeito da vida, das necessidades éticas, emocionais e humanas.
– O ser humano, desperto para os deveres, atravessa os diferentes estágios das necessidades primárias, conseguindo perceber que as conquistas culturais e artísticas, que lhe proporcionam a visão estética e trazem o deslumbramento, sensibilizam o cérebro emocional para o entendimento e a absorção dos seus conteúdos pela razão.